Rogue One – Review SEM SPOILERS

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Um filme essencial para a franquia, mas que infelizmente não fez jus ao alto nível do Episódio VII (que inaugurou a “nova era” de Star Wars no cinema).

Há quem diga que uma obra narrativa tem 2 níveis: o de História e o de Personagens.

Se a obra tende a focar mais nos acontecimentos, tem quem a chame de “story driven”. Se tende a focar mais nos personagens, ela é “character driven”. E meu único problema com essas denominações é que muito comumente se usa um dos termos para justificar a falta de um dos elementos na obra.

“Ah, mas ela não precisa ter personagens muito bons, é story driven”.

Rogue One conta a história de formação e atuação de um grupo que roubará os planos que podem deter a arma de destruição em massa construída pelo Império. Esse grupo é formado por personagens meio desajustados, perdidos, que se encontram em sua missão com um objetivo maior em comum.

É uma pena que esses personagens sejam tão ruins.

Temos 3 grandes problemas nesses personagens, com cada um dosado em quantidades diferentes para cada personagem: motivação, carisma e interação.

Sendo um grupo unido por um ideal em comum, é muito triste que alguns dos personagens nem tenham um motivo claro para estarem ali. A motivação (e aqui, me refiro ao passado, presente e futuro dos personagens) em alguns é tão incerta que em diversas cenas simplesmente nos perguntamos: mas por que diabos essa pessoa está aí? O que ela tem a perder? O que ela tem a ganhar? E sendo uma história em que é a motivação que teoricamente deveria unir os personagens (sendo que, a missão clímax do filme é praticamente uma missão suicida, visto o nível de dificuldade que os personagens teriam que enfrentar), isso não só atrapalha nosso envolvimento com eles como também nossa fé de que esses personagens realmente estão dispostos a enfrentar tantos desafios. No caso, quem mais sofre disso é a dupla de personagens de descendência asiática que compõe o time.

Agora, o carisma. Muita gente acha que “carisma” é sinônimo apenas para um personalidade engraçadinha e bem-humorada; não é o caso. O carisma está ligado à humanidade do personagem, quando o vemos sorrindo, chorando, sofrendo ou se aliviando. Ou seja, está ligado à complexidade do personagem. Não é necessário que o mostre passando por várias emoções, mas se ele carrega uma sutileza em suas reações e comportamentos, já é o suficiente para nos ligarmos à ele. E isso falta pra caramba nesse núcleo de personagens.

A mesma dupla de asiáticos sem motivação se salva aqui, junto ao robô. Personagens que possuem certo desenvolvimento em suas relações, que nos fazem torcer por eles. A protagonista, Jyn, é um caso à parte; passando o filme inteiro com praticamente o mesmo rosto, Jyn com o tempo se prova uma personagem… Chata. Não há nada nela que seja minimante atrativo (exceto um elemento que falarei já já), e isso se torna um problema quando não acompanhamos seu desenvolvimento.  Porém, algo se salva em sua personalidade: a sutileza de algumas falas. Alguns podem defender Jyn ser do jeito que é por conta de seu passado; ok, isso é verdade, principalmente na primeira metade do filme. Jyn toma algumas atitudes que, com certas linhas de diálogo, demonstram uma profundidade inacreditável. O problema é quanto isso se perde na metade final em que Jyn vira uma porta, apenas agindo automaticamente a o que o roteiro manda ela agir.

Então, temos o problema final do núcleo de personagens: a falta de interação. O que se torna uma oportunidade incrível que foi simplesmente ignorada. As possibilidades do que se poderia fazer com um time na situação deles poderia gerar ótimos momentos, mas fica só no “poderia”, mesmo. Temos inclusive o cúmulo em que personagens que nem tem uma brecha para interagir ao longo do filme acabem tendo uma despedida super “emocionante” quando começa a missão final. O que acaba se tornando o maior problema, já que, no fim das contas, não sobra quase nada para nos preocuparmos com os personagens.

E os problemas do filme não acabam aqui.

Depois do que eu disse no meu review de Animais Fantásticos e Onde Habitam, eu comecei a refletir mais sobre o valor individual de uma obra que faz parte de uma franquia. O dito filme faz isso magistralmente bem, sendo contido num nível em que não é necessário conhecer NADA sobre Harry Potter. Aqui, infelizmente, isso não acontece.

Não vou ser ingênuo de cobrar individualidade de uma obra que está SUPER ligada ao episódio IV. Inclusive, por mais contraditório que isso possa parecer, as ligações com a série principal foram os melhores momentos do filme, mas já explico o por quê.

O problema não são as referências ou o fanservice, e sim um conhecimento prévio obrigatório que deixa alguns momentos do filme impossíveis de entender (inclusive, para entender mais sobre o próprio personagem cego).

Por outro lado, a maioria fanservice do filme foi feito de forma excepcional. Apesar dos elementos existentes citados a cima, grande parte do fanservice consegue ser tanto justificável quanto até mesmo essencial para a história, e pra isso o filme merece parabéns por conseguir fazer isso de um jeito que NENHUMA franquia fez até agora.

Então aqui eu digo: não, eu não odiei o filme. Mas mesmo as qualidades que achei não conseguem ser genuínas o suficiente, pois até estas acabam tendo um lado ruim. Como por exemplo o humor do filme. Em alguns momentos inesperado e refinado, mas em outros simplesmente sem-graça (com o cinema inteiro quieto). Ou as cenas de ação, com algumas SENSACIONAIS no ato final, mas outras super sem sal ao longo do filme.

E até mesmo erros de coesão cercam a obra, como o personagem cego que consegue atirar em naves em movimento e desviar de balas, mas tem dificuldade de achar uma alavanca à sua frente.

Sobre o final do filme… Volto à parte de elogios. É sim bem impressionante um final feito daquele jeito. Ao longo da obra, ele é meio mal arquitetado, mas o saldo de todo o ato final acaba sendo positivo. Parabéns aos envolvidos pelos últimos 15 minutos de filme, que são sem sombra de dúvida de altíssimo nível.

Agora, fica aqui minha conclusão. É verdade que fiquei BEM decepcionado com o filme, e seus defeitos chegam a ser tristes para um filme desse tamanho com um potencial desse tamanho. Mas suas qualidades, como a sequência final, as aparições muito bem colocadas (e algumas surpreendentes), e até mesmo os efeitos visuais (que acabei não comentando, mas que estão EXCELENTES – é MUITO bom ver todos aqueles cenários e naves do episódio IV nessa roupagem moderna mas que não fica exagerada) garantem o ingresso.

E você, discorda de mim? Comente aí o que achou do filme!

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